25 de fevereiro de 2011

PSICOLOGIA DO TRABALHO

PSICOLOGIA EM SEGURANÇA DO TRABALHO

A psicologia é talvez o ponto - chave da segurança, pois o aspecto humano é a referência a ser observada com maior cuidado pelos profissionais da segurança.
De nada adiantam medidas de controle eficazes para os riscos ambientais, programas de prevenção de acidentes, se o profissional não reconhece no trabalhador, durante o Diálogo Diário de Segurança, que este não está em seus melhores dias, porque brigou com alguém em casa, ou tem dívidas, como exemplos.
Ter a sensibilidade de reconhecer como o homem possa vir a se comportar em função do seu estado de espírito é fundamental. O psicólogo poderia ser naturalmente, a sexta profissão reconhecida como integrante do SESMT. Tamanha é a sua importância que basta observar as estatísticas do Ministério da Previdência Social sobre afastamentos relacionados a aspectos comportamentais.
Má-fé do trabalhador em ludibriar seus gerentes no intuito de trabalhar menos existe como também existem empregadores que negligenciam segurança simplesmente porque ela é "cara".
Como um exemplo mais direto, para sair do discurso que possa parecer pronto para alguns, analise dois exemplos.
Um deles, uma equipe de trabalhadores, com pouca instrução, liderados por um gerente querido por eles, por tratá-los com respeito e igualdade. Imagine a situação que, por exemplo, tentam lançar uma cordoalha sobre um rio supostamente raso e com pouca correnteza. Na ausência do gerente, resolve um deles atravessar o rio para lançamento do cabo, no intuito de "agradar o chefe", e acaba morrendo afogado, levado por correntes de água que não esperava que existisse.
O outro exemplo, uma equipe de profissionais em crescimento, a maioria estudando um curso de nível superior, sendo liderados por um gerente ignorado e odiado pela equipe, por exigir, em poucas horas de serviço uma produtividade excessiva, sem a menor remuneração por horas extras, e mesmo estas sendo acumuladas como banco de horas, o trabalhador é repreendido por possuir um banco generoso. Naturalmente essa equipe começa a deixar o emprego, procurando outras empresas. Quem fica, favorece aos índices de absenteísmo, entregando atestados arranjados ou falsos.
Observe um caso de acidente de trabalho, e outro de rotatividade e absenteísmo, causados pelos efeitos comportamentais no trabalho.

16 de fevereiro de 2011

DIFERENÇA ENTRE INCIDENTE E ACIDENTE

VOCÊ CONHECE A DIFERENÇA ENTRE INCIDENTE E ACIDENTE ?

Esta semana quando eu estava assessorando uma empresa a responder uma lista de verificação sobre a implantação do seu Plano de Gestão de Segurança e Saúde, fui indagado em determinado momento por um dos seus dirigentes, o que seria um incidente. Ele queria saber com certeza qual é a diferença entre um incidente e um acidente.

Um “incidente” pode ser definido como sendo um acontecimento não desejado ou não programado que venha a deteriorar ou diminuir a eficiência operacional da empresa.

Do ponto de vista prevencionista, um “acidente” é o evento não desejado que tem por resultado uma lesão ou enfermidade a um trabalhador ou um dano a propriedade.

Ao adotarmos as providências necessárias para prevenir e controlar os incidentes, estamos protegendo a segurança física dos trabalhadores, equipamentos, materiais e o ambiente.

A eliminação ou o controle de todos os incidentes deve ser a preocupação principal de todos aqueles que estiverem envolvidos nas questões de prevenção de acidentes ou controle de perdas.

Portanto, os incidentes podem ou não serem acidentes, entretanto todos os acidentes são incidentes.

Entendido o significado do conceito acima, é que poderemos dar início aos processos de controle de todas as causas e origens dos incidentes e dos acidentes.

Outro conceito que deve ser fixado, é que os incidentes podem ser classificados como “quase acidentes” e não os acidentes com danos a propriedade ou com lesões leves não incapacitante.

Em 1969 o Inglês Frank E. Bird Jr., Diretor de Segurança de Serviços de Engenharia da Insurance Company North America elaborou um completo estudo de acidentes, no qual ele dispendeu mais de 4.000 horas de pesquisa, analisando mais de 1.750.000 acidentes informados de aproximadamente 300 empresas, totalizando mais de 3 bilhões de horas homens de exposição ao risco de 21 grupos industriais diferentes.

Do estudo dos acidentes relatados, surgiram as seguintes proporções, que se tornaram conhecidas como a “Piramide de Frank Bird”.

  • 600 Incidentes que não apresentaram lesões ou danos visíveis.
  • 30 Acidentes com danos à propriedade.
  • 10 Lesões leves não incapacitantes.
  • 1 Lesão Séria ou Incapacitante.

Pirâmide de Frank bird


Estou levantando o assunto neste artigo, em função dos recentes “acidentes” ocorridos seguidamente com uma grande empresa de capital brasileiro, que é reconhecida nacional e internacionalmente, pelo seu elevado padrão tecnológico além de contar nos seus quadros com profissionais altamente especializados e competentes.

Entretanto, acredito que a direção da referida empresa tenha se deixado influenciar pela pressão da mídia e da sociedade como um todo, na análise e avaliação dos acidentes ocorridos, gerando como uma das providências preventivas/corretivas a substituição de gerentes, e no caso do último acidente ocorrido em julho, o desligamento de 4 empregados além da punição de outros 8 gerentes.

Um Diretor da empresa declarou que o motivo da punição foi pelo fato dos empregados não terem cumprido as normas da empresa e cometerem falhas na operação.

Já o Diretor da Federação que representa os trabalhadores, considerou arbitrárias as punições e acusou a empresa, dizendo que os acidentes foram

conseqüência da redução de pessoal, do acúmulo de trabalho e da falta de investimentos na segurança.

As causas dos acidentes podem ser determinadas e controladas através do conhecimento e análise dos seguintes sub-sistemas: Pessoal; Equipamento; Material e Ambiente.

A empresa classificou como causa principal do acidente a “falha humana”, entretanto todos sabemos que os fatores pessoais que dão origem às falhas humanas explicam por que as pessoas não atuam como deveriam.

Ficando no ar a seguinte pergunta: Por que os procedimentos operacionais, sistemas de comunicações, equipamentos e válvulas de segurança não foram eficientes para neutralizar as falhas humanas como deveriam, deixando que um incidente se transformasse em um grande acidente?

DA PSICOLOGIA DO TRABALHO À PSICOLOGIA DA SEGURANÇA DO TRABALHO


Psicologia é a ciência que estuda o comportamento para entendimento da expressão dos sentimentos, emoções, pensamentos e personalidade. É a ciência que tem como objeto de estudo os processos mentais, através do comportamento, em seus diversos processos, para estes fins utiliza os método científico que implica na observação dos fenômenos, definição do problema, apresentação de uma hipótese, experimentação e a conclusão através da apresentação de uma tese, além dos estudos de casos que cujo entendimento exige o emprego de outras ciências que configuram os conhecimentos multidisciplinares.

Na psicologia entendemos como comportamento tudo aquilo que o indivíduo fala, faz, pensa e sente. Assim, os estudos em psicologia abordam o homem como um todo - holístico – onde um simples gesto, um olhar ou uma ação traduzem como se encontra o íntimo do indivíduo, se está em conflito e está com algum problema na expressão das emoções e sentimentos,


Os conhecimentos da psicologia são aplicados em diversas áreas, no caso em questão vamos tratar da relação entre psicologia e o trabalho, ou seja, da psicologia do trabalho com foco no entendimento da influência humana, através do desempenho de comportamentos, que corroboram para a ocorrência de acidentes do trabalho. Estuda profundamente as variáveis que interferem no desempenho de comportamentos de riscos ou inseguros, os grandes “vilões” nos processos para prevenção de acidentes do trabalho. “O problema é trabalhar no piloto automático”, “com excesso de confiança”. Tais variáveis presentes nas investigações das causas dos acidentes do trabalho e disseminadas pelos engenheiros e técnicos da área de segurança do trabalho nos treinamentos, orientações e palestras proferidas em SIPAT.

A questão emergente nos estudos e processos da Segurança do Trabalho é: como fazer com que as pessoas se cuidem no trabalho? A resposta para esta pergunta remete à noção de Comportamento Seguro.

Na Segurança do Trabalho grandes avanços foram realizados no que diz respeito aos aspectos ambientais, tecnológicos, legais e organizacionais e isso fez com que os índices de acidentes fossem reduzidos de forma significativa no Brasil e no mundo. No entanto o número de acidentes no país ainda é muito elevado e isso faz com que os profissionais que atuam de forma pró-ativa ou prevencionistas tratem com maior atenção nos últimos anos para relevância dos fatores humanos que, em razão da sua complexidade, são considerados variáveis relevantes nos estudos para implantação de um Sistema de Gestão de Segurança e Saúde do Trabalho.

A resposta às perguntas: como educar as pessoas? Como comprometê-las com o processo? Como melhorar o controle dos riscos? Como motivar para prevenção? São objetos de estudo da Psicologia do Trabalho na abordagem da influência humana no desenvolvimento dos acidentes do trabalho. Nos estudos da psicologia do trabalho sobre os acidentes do trabalho fora comprovado que os comportamentos, as atitudes e as reações dos indivíduos no ambiente de trabalho não podem ser interpretados de forma eficaz sem considerar a situação total a que os trabalhadores estão expostos; todas as inter-relações o meio, o grupo de trabalho e a própria organização como um todo. Desta forma, o acidente do trabalho também pode ser abordado como conseqüência da qualidade das relações do indivíduo com o meio social que o cerca; com os companheiros de trabalho; e com a organização como um todo.

A Psicologia do Trabalho e os seus estudos referentes à Segurança do Trabalho originaram um novo seguimento que aborda, estritamente, o controle da conduta e os processos para prevenção de acidentes, que denominamos “Psicologia da Segurança do Trabalho” que Meliá (1999) definiu como sendo: “ a parte da psicologia que se ocupa do componente de segurança da conduta humana” é a ciência que vem sendo desenvolvida desde a década de 1970 que abrange um conjunto de técnicas (metodologia de intervenção) que permitem compreender e agir sobre os elementos humanos na prevenção de acidentes do trabalho com profundidade e precisão visando à otimização dos processos e ações para garantia da Segurança do Trabalho.

Desta forma, o estudo dos conhecimentos produzidos pela Psicologia da Segurança do Trabalho são essenciais para os profissionais de área de Segurança do Trabalho para o desenvolvimento de processos que proporcionarão a redução efetiva dos acidentes do trabalho e doenças ocupacionais, que repercutirão de forma incisiva na Qualidade de Vida no Trabalho e, por conseguinte, na auto-realização pessoal e profissional de todos os trabalhadores da organização.

LUIZ CARLOS GOMES DA SILVA
Psicólogo/Consultor de Recursos Humanos

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

1 – REVISTA CIPA: Artigo - Comportamento Seguro – Ciência e senso comum na gestão humanos na gestão, saúde e segurança do trabalho, publicado na revista CIPA de novembro de 2005

2 – CHIAVENATO, Ildalberto. GESTÃO DE PESSOAS – 2º Edição, Ed. Campos Elsevier, 2005. Rio de Janeiro

A primeira impressão a a que fica (Importância da Integração)


Hoje vamos falar sobre INTEGRAÇÃO. Principalmente tentar dizer as pessoas que integração não é uma formalidade a mais ou simplesmente uma etapa a cumprir cujo objetivo final e principal é a obtenção da assinatura do trabalhador em um documento a mais.

Vale aqui então lembrar o ditado popular que afirma que a “primeira impressão é a que fica” – e na verdade não apenas lembrá-lo mas associá-lo a nossa área de trabalho como uma realidade. Analisando veremos e lembraremos que em nossas vidas pessoais, nas nossas atividades cotidianas – boa parte do que acontece tem muito haver com o primeiro contato que temos com alguma pessoa, com alguma instituição ou assunto. Se este contato for bom e positivo e bem provável que dali em diante seja estabelecida uma boa relação – ao mesmo tempo – se este contato não for tão positivo – e bem provável que não surja uma relação ou se surgir que não seja mais do que obrigatória e desprazerosa. Obviamente uma das bases que define isso diz respeito também a impressão que temos sobre fatos, lugares e pessoas.

Para a prevenção não ocorre de forma diferente e por isso devamos dedicar muita atenção ao processo de planejar e realizar uma boa integração pois com certeza ela será decisiva para o balizamento da relação dos novos colaboradores com nossa área.

E tudo isso começa quando entendemos que não podemos nos portar apenas como “caçadores de assinaturas em evidências e registros” – ou seja – ter a compreensão de que quando realizamos uma integração estamos colocando ali o primeiro contato daquelas pessoas com nossa área. Então a integração deveria ser algo assim como um “bem vindo” – obviamente recheado com o conteúdo que precisa ser transferido a quem dela esta participando.

As piores integrações que já tive oportunidade de assistir na minha vida são as feitas por pessoas tipo “aqui mando eu”. Obviamente diante da necessidade do emprego nenhum dos participantes ao menos abre a boca para contestar qualquer uma das cosias dito por aquele ser “super poderoso” que se coloca ali na frente e se dedica a arte do poder – no entanto passado o evento da integração a grande maioria ira reagir – as vezes até de forma inconsciente – as “agressões” recebidas na integração e embora muitos de nossos colegas jamais tenham se dado conta – parte dos problemas que enfrentam no dia a dia do sue trabalho tiveram inicio lá na integração.

Menos problemáticas em termos de relação pessoal mas muito ruins para o contexto da prevenção são as integrações não interativas - ou seja aquelas onde um filme – mesmo que muito bem feito – tenta fazer as vezes do contato humano. Além de ser totalmente impessoal de certa forma denota que apesar de toda preocupação que tal organização alega ter com o assunto prevenção ela não é suficiente para que algum dos seus representantes tenha em seu planejamento algum tempo para vir falar as pessoas sobre prevenção. Por fim, não permitem qualquer tipo de realimentação quanto ao entendimento ficando aquela impressão – e logo a primeira – de que estamos ali para cumprir tabela ou mera formalidade. Se seu programa de prevenção é importante para a organização e apesar disso não há recursos e tempos para uma boa integração há necessidade de uma revisão critica sobre este assunto.

Enfim muitos são os problemas que vão daquela integração que continua sendo usada hoje tal como foi feita para os navegadores de Cabral quando aqui chegaram e vão até a integração “modernosa” onde tem mais valores os efeitos especiais – e na verdade os recursos do que o conteúdo prevencionista propriamente dito – estas alias podem ate impressionar de forma geral – mas pouco ou nada servem para a prevenção.

De uma forma geral a integração deveria:

1) Ser resultado de uma boa análise feita pelo profissional de Segurança no Trabalho reconhecendo e listando tudo o que é importante como informação a ser repassada a aqueles que estão chegando a aquela organização.

Obviamente o tempo de duração será proporcional a natureza e quantidade de riscos e perigos – variando de organização para organização.

2) Integração jamais deve ser vista ou entendida como treinamento – se há necessidade de informação/formação mais detalhada outro evento deve ser marcado para o grupo ou pessoa que dele precisa.

3) O material e método a ser utilizado devem ser atrativos – no entanto mais serem vistos como mais importantes dos que o conteúdo. Vale lembrar sempre que o objetivo e INFORMAR SOBRE PREVENÇÃO

4) A integração é um momento de alta seriedade – mas seriedade jamais quis dizer cara feia ou postura mais rígida. É importante que este momento seja utilizado para que aqueles que ali chegam sintam confiança e canais de dialogo abertos com os responsáveis pois isso levara a uma relação muito interessante e rica no ponto de vista da prevenção.

5) Sempre que possível que seja feita não apenas pelo profissional de Segurança – mas também pelo gestor da área ou do contrato que desde aquele momento irá expressar seu compromisso de forma publica com o assunto.

6) O material da integração deve ser atualizado com bastante freqüência evitando que fique defasado e não contemple todos os itens necessários.

7) A integração não deve ser apenas a leitura do “decálogo das proibições” – ou ainda a “Sessão do Medo”. Prevenção é educação e não contribuímos para isso apenas dizendo o que não deve ser feito – antes devemos explicar o tipo e natureza dos riscos e perigos e levar os colaboradores ao entendimento do mesmo

8) Por fim, pratique a retro alimentação de forma mais completa, reservando espaço para que a cada item explanado seja possível que pelo menos um dos participantes confirme o entendimento através de uma breve explanação.



Cosmo Palasio de Moraes Jr.

Portal do Técnico.